CRÔNICA DO MINEIRO
Repostando um texto que escrevi há tempos atrás:
Que mineiro é desconfiado, ninguém duvida. Mineiro desconfia se o pão de queijo assou por dentro; se o bujão de gás foi comprado cheio; se o motorista vai parar no sinal fechado; desconfia da esmola farta e da recompensa enxuta; desconfia da vizinha; do chefe; da empregada; do açougueiro; do turista; do fotógrafo de rua; do maquinista do metrô; do político Joaquim e da santa do pau oco. Mineiro é tão desconfiado que tem semblante hostil mesmo sendo um poço de delicadeza. Crocante por fora, macio por dentro. Nacionalmente idolatrado por sua maestria em acolher bem, possui uma dificuldade enorme em abrir seu coração de primeira. Por outro lado, após aberto, é amigo pro resto da vida, daqueles que podemos contar pro que der e vier. Trabalhador por natureza, o próprio gentílico denuncia: mineiro é competente em tudo o que faz. Belo Horizonte é uma terra formada por essa gente... gente com fé na tábua e suor na enxada. Gente que soube transformar uma cidade de vários milhões de habitantes em um lugar aconchegante e maravilhoso de se viver. Metrópole do café, do queijo, da boa prosa e dos grandes amigos. Cidade das artes, da cultura singular e dos grandes movimentos. Terra de gigantes pela própria natureza.
- Charles Tôrres
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