quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

08 DE JANEIRO • DIA NACIONAL DO FOTÓGRAFO


Eu costumo dizer que um bom fotógrafo deve ser como um bom arquiteto. Ao projetar uma edificação, o arquiteto sempre se preocupa com a luz que entra nos ambientes. Ele deve aproveitar ao máximo a luminescência natural e forçá-la a penetrar e iluminar os elementos no interior de forma suave e harmônica. E o mesmo vale com a iluminação artificial, que entra em cena após o crepúsculo. O estudo da luz exige dedicação, experimentação e olhar. Luz boa não é apenas aquela que clareia os ambientes só por clarear. Se fosse assim, bastava colocar paredes de vidro 360 graus em todos os cômodos e abusar de iluminação de teto da mais alta potência. Mas não, a luz tem que ir além. Desde a antiguidade os arquitetos vem extraindo da luz as suas melhores propriedades e transformando em clima as suas melhores características. A luz que afaga, que descansa, que reconforta; e que ilumina sem agredir.  A luz tem que ser sutil, mesmo exercendo o papel principal em um ambiente. A paz e o aconchego encontrados em uma casa com uma boa iluminação vai muito além de móveis caros e estofados de grife. Na fotografia não é diferente. Muitos pensam que fotografar é simplesmente comprar uma câmera cara e um flash de dimensões exageradas que a fotografia já sai pronta, de ganhar concurso. Na verdade, quanto mais caro o equipamento fotográfico, menos recursos ele tem. Equipamentos caros só nos garantem agilidade de trabalho (já que são rápidos e robustos) e qualidade gráfica na hora de imprimir (já que possuem grandes sensores de captura); e nada muito além disso. Um bom fotógrafo faz boas fotografias com qualquer equipamento, já que uma boa fotografia nada depende da câmera, e sim do olhar do seu utilizador. Assim como o arquiteto, primeiramente o fotógrafo tem que ir atrás de luz. Não luz em abundância, como já foi dito, e sim aquela luz sutil, que tangencia, que tridimensionaliza a cena, que toca os detalhes fundamentais dos elementos fotografados e valoriza os contornos. Além disso, o fotógrafo tem que buscar incansavelmente capturar as cenas mundanas da vida, os olhares singelos, as expressões, as situações tocantes, as vicissitudes do cotidiano, as circunstâncias que se contrapõem à rotina. Junte isso a uma boa luz e terá uma fotografia vencedora!

Minha homenagem a todos os colegas fotógrafos e, em especial, Lígia Tôrres, minha musa inspiradora, grande artista e fotógrafa de olhar singular; que hoje é protagonista da fotografia do dia.

- Charles Tôrres

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