CENTRAL
Nada pode ser mais prático: você está num lugar, aí embarca num vagão e dali a poços minutos desembarca em outro em outro bairro, sem precisar enxergar o que existe entre um e outro. Acho isso tão revolucionário, é quase uma desmaterialização, eu desapareço aqui e me materializo lá do outro lado, num passe de mágica. O túnel sem luz e sem vista panorâmica nos transplanta. Ao sair da estação, a geografia da cidade é outra, às vezes até o clima. Estava chovendo na parte leste, faz sol na margem do rio. E isto com uma rapidez que avião algum, nem com a mais alta tecnologia, poderá atingir. Que invenção fantástica. (...)
Martha Medeiros
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