quarta-feira, 22 de agosto de 2012

CENTRAL


Eu sempre adorei metrô. Desde a primeira vez que andei. É como se fosse uma nave horizontal, um foguete espacial atravessando outra espécie de galáxia. Hoje entendo que o que sempre me fascinou foi o teletransporte que o metrô proporciona: você sai de um ponto e chega a outro, e o percurso não existe.

Nada pode ser mais prático: você está num lugar, aí embarca num vagão e dali a poços minutos desembarca em outro em outro bairro, sem precisar enxergar o que existe entre um e outro. Acho isso tão revolucionário, é quase uma desmaterialização, eu desapareço aqui e me materializo lá do outro lado, num passe de mágica. O túnel sem luz e sem vista panorâmica nos transplanta. Ao sair da estação, a geografia da cidade é outra, às vezes até o clima. Estava chovendo na parte leste, faz sol na margem do rio. E isto com uma rapidez que avião algum, nem com a mais alta tecnologia, poderá atingir. Que invenção fantástica. (...)

Martha Medeiros

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