segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

ATÉ O ALVORECER


Eu possuo um certo fascínio pela noite. Não o período onde os cidadãos chegam em casa para ver o Jornal Nacional, momento o qual ainda há um burburinho na cidade e nas redes sociais. Me refiro à madrugada... o momento que antecede a aurora celeste. Depois que a maioria dos cidadãos adormece, tudo fica mais sereno e os inquietos põe-se a criar. É impressionante olhar pela janela e ver uma cidade com vários milhões de habitantes em plena calmaria, equilibradamente acesa, porém fria. A madrugada é contemplativa, inspira a criatividade, a filosofia e o bate-papo. Ela me remete ao jazz tocado pela dupla piano & saxofone, no volume mínimo do rádio, apenas para uma delicada ambientação. Café para acompanhar um filme policial no corujão ou um vinho francês Baron D'arignac para seduzir as partidas de canastra com a esposa. O safra ruim também é bem vindo, como já dizia a Srta. Gadú. A noite é uma criança... ou faz uma criança! Foi pra lá da madrugada que os grandes ritmos fizeram nome, que os poetas criaram os versos que alteraram os rumos da literatura. Na década de 50, surgiu um movimento artístico-musical nos Estados Unidos denominado JAM Session, que significa "jazz after midnight session", ou sessão de jazz depois da meia-noite, pois a maior parte destas sessões acontecem bem tarde, quando o público pagante de determinada apresentação de jazz já havia se retirado. Os músicos permaneciam no local (que costumava ser um bar, um pub ou um café) e punham-se a improvisar freneticamente, ousando e criando escalas que mudaram o rumo da história da música no planeta. Não há dúvidas que após a meia noite nós ficamos mais propícios à criação. Nos tornamos mais observadores e mais compenetrados em nossos afazeres. Mesmo que tal ocupação seja apenas uma apreciação do céu. Quem ainda não experimentou, fica a dica!

Boa madrugada a todos!

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