domingo, 16 de dezembro de 2012

ÁPICES DA INCONVENIÊNCIA URBANA


Um catador solitário, predestinado à pretender e tratar entulhos citadinos, suprindo a incumbência de manter o esmero das ruas da cidade. Em plena Afonso Pena, a peleja ao transpor a grande via remete sua fadiga. O olhar um tanto perdido confere seu desapego  por civilidades costumeiras. Mas, poderia ser diferente? Dando-lhe oportunidades até então desconhecidas possibilitaria à ele transformar-se em um músico de grande prestígio? Um cientista de renome? Um artista com dotes inexpugnáveis? Um cidadão comum, qualificado por títulos supérfluos? Ou seria ele mais um malandro corruptível da Câmara dos Deputados? Já vi muitos Mozart saírem da lata de lixo... e incontáveis Macedos e Calheiros brotarem dos mais temidos guetos. Quantos mestres o Brasil já perdeu para as ruas? Infelizmente, a massa de mariolas é maior que nossa capacidade de enfrentá-los. Para dar um tiro ou queimar inquilinos de logradouros, o malandro brasileiro não mede esforços. Enquanto isso, para ganhar uns trocados, o sujeito acima está meramente tentando atravessar uma avenida.

Tenham uma ótima semana!

4 comentários:

  1. muito lindo ! bravo !

    ResponderExcluir
  2. Sâo os heróis anônimos das urbes! Parabéns, Charles!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Com certeza, Ana! Muitas vezes passam despercebidos por nós, tamanha nossa apreciação por assuntos relacionados ao nosso próprio nariz. Grande abraço!

      Excluir